Novo sistema promete detectar incêndios florestais em menos de 20 minutos

Nova tecnologia do Google usa IA para detectar e rastrear pequenos incêndios em tempo quase real.

por Caio Póvoa
| Em 24/09/2024 às 14:11
Freepik

Uma nova constelação de satélites equipada com inteligência artificial (IA) tem o objetivo de auxiliar na detecção de incêndios florestais ao redor do mundo. A iniciativa, liderada pelo Google Research em parceria com líderes comunitários e especialistas em incêndios, visa detectar incêndios em estágios iniciais, possibilitando uma resposta mais rápida para equipes de brigadistas.

Sobre o sistema FireSat

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Batizado de FireSat, o sistema foi desenvolvido para monitorar e identificar incêndios tão pequenos quanto uma sala de aula — cerca de 5 metros por 5 metros — em até 20 minutos. Com o uso de IA e imagens de satélite, o FireSat será capaz de fornecer informações em tempo quase real sobre a localização, tamanho e intensidade de incêndios florestais incipientes. Com isso, espera-se facilitar intervenções mais rápidas, antes que as chamas se espalhem.

A importância do sistema fica evidente diante do aumento de incêndios florestais em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, impulsionados por climas mais quentes e secos. Para se ter uma ideia, segundo dados do INPE, de 01/01/2024 até 22/09/2024, o satélite AQUA Tarde detectou 200.013 focos de incêndio no território brasileiro. Cerca de 50% deles foram localizados na Amazônia.

Até o momento, as equipes de combate a incêndios dependem de imagens de satélite de baixa resolução, que, de maneira geral, são atualizadas poucas vezes ao dia. Isso torna difícil a detecção de incêndios até que eles atinjam grandes proporções, como o tamanho de um campo de futebol.

Desenvolvimento e parcerias estratégicas

Para desenvolver o sistema, o Google Research trabalhou em colaboração com a Muon Space e o Environmental Defense Fund, com a finalidade de criar sensores infravermelhos customizados que pudessem detectar incêndios em pequena escala com mais precisão.

Além disso, a IA do FireSat irá analisar fatores como infraestruturas próximas e condições climáticas locais para validar a detecção de incêndios menores.

O modelo de detecção foi testado em queimadas controladas, o que ajudou a estabelecer uma base de dados para aprimorar os algoritmos de IA responsáveis pela identificação dos focos de incêndio.

O primeiro satélite dessa constelação será lançado no início do próximo ano pela Muon Space, e o restante dos satélites será enviado nos próximos anos, segundo o Google.

A operação será liderada pela Earth Fire Alliance, uma organização sem fins lucrativos criada para gerenciar o projeto FireSat. O Google.org contribuiu com US$ 13 milhões para financiar a iniciativa, com o apoio da Moore Foundation.

Benefícios ampliados do FireSat

Além de fornecer suporte para as operações de emergência, os dados gerados pelo FireSat ajudarão na criação de um registro histórico global sobre a propagação de incêndios. Esse banco de dados será utilizado por cientistas e pelo Google para modelar e entender melhor o comportamento dos incêndios florestais.

Desde 2020, o Google utiliza modelos de IA para rastrear os limites de incêndios florestais e criar alertas em tempo real para populações próximas aos incêndios. Essa funcionalidade já está disponível em mais de 20 países.

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Ainda neste ano, a empresa lançou o FireBench, um conjunto de dados de benchmark de código aberto voltado para pesquisas sobre incêndios florestais, abrindo novas oportunidades para a colaboração científica.

À medida que expandimos nossa capacidade de detecção de incêndios florestais, dados e IA desempenham um papel importante em fornecer informações críticas para equipes de emergência e na abertura de novas oportunidades para cientistas. Continuaremos a fazer parceria com a comunidade de bombeiros diante da crescente ameaça de incêndios florestais“, afirmou o Google em um comunicado.

Assim, a previsão é de que o FireSat se torne uma ferramenta para combater incêndios, ao mesmo tempo em que servirá para antecipar e mitigar seus impactos a longo prazo.

  • Caio Póvoa

    Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás. Possui também título de Mestre em Engenharia Elétrica e de Computação pela Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação-EMC UFG. Por meio da escrita, compartilha conhecimentos e orientações práticas com foco em áreas da ciência, tecnologia e temas relacionados.

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