É realmente possível que karatecas quebrem blocos de concreto com as mãos sem se machucarem? Um estudo da década de 1970, conduzido por uma equipe de físicos apaixonados por fãs de artes marciais, incluindo o futuro astronauta Ronald McNair e o professor Michael Feld do MIT, tirou essa dúvida com uma explicação clara: a aplicação precisa das leis de Newton.

Como quebrar blocos de concreto?

Eles começaram investigando a força necessária para quebrar madeira e concreto usando uma prensa hidráulica. Descobriram que um bloco de concreto exige uma deflexão de apenas um milímetro para se romper, necessitando de uma força entre 2.500 a 3.000 N. Já uma tábua de madeira pode se curvar cerca de um centímetro antes de quebrar, exigindo uma força de 500 N.

No entanto, para efetivamente romper esses materiais, a mão deve exercer uma força ainda maior devido à perda de energia no impacto.

LEIA MAIS: Dormir com braços de T-Rex: o que esse hábito pode significar?

Surpreendentemente, a mão humana é capaz de gerar uma força extremamente alta em um curtíssimo intervalo de tempo — o impacto de um golpe típico dura apenas cerca de cinco milissegundos. A equipe estabeleceu que, nesse breve momento, a mão do carateca pode exercer uma força superior a 3.000 N, o que equivale a um impacto de 675 libras.

O modelo desenvolvido pelo grupo mostrou que para quebrar madeira, a mão deve atingir uma velocidade de 6,1 metros por segundo, e 10,6 metros por segundo para quebrar concreto. Com isso, a equipe concluiu que um carateca iniciante seria capaz de quebrar a madeira, já que essa velocidade está dentro do alcance dessa parcela de praticantes. Porém, para quebrar o concreto seria necessário muito mais treinamento e prática devido à elevada velocidade exigida.

Como a mão do carateca não quebra durante o golpe?

A análise de fotos de Feld e McNair, capturadas a 120 quadros por segundo durante seus golpes em pilhas de madeira, revelou como o punho se comprime e distorce de maneira expressiva durante o impacto, comportando-se de forma quase não sólida.

Mas então, como a mão não se lesiona nesse processo? A resposta está na anatomia humana. Os ossos da mão, sendo cinco vezes mais rígidos que o concreto e cinquenta vezes mais resistentes a quebras, absorvem o estresse do impacto com eficácia. Só para ilustrar, para quebrar um fêmur humano usando caratê seria necessário mais de 25.000 N de força!

Por fim, vale destacar que, além da força, a técnica correta é indispensável. Um golpe bem-sucedido precisa acertar o centro exato do alvo para ter êxito em seu objetivo.