A notícia de que a empresa Eternos criou uma versão de IA de um homem com doença terminal abre um novo capítulo na utilização da tecnologia para lidar com a perda e o luto.
Michael Bommer, diagnosticado com câncer de cólon terminal, em colaboração com a Eternos, conseguiu criar uma versão digital de si mesmo que poderá interagir com seus entes queridos após sua morte.
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Esta iniciativa destaca tanto os avanços tecnológicos quanto as questões éticas e emocionais envolvidas nesta questão.
Funcionamento da IA da Eternos
A IA criada pela Eternos para Michael Bommer é um exemplo impressionante de como a tecnologia pode ser usada para preservar a memória e a voz de uma pessoa.
Para criar essa IA, a empresa utilizou um processo detalhado que envolveu a gravação de cerca de 300 frases pronunciadas pelo usuário. Estas gravações são então processadas através de um procedimento computacional intensivo que dura aproximadamente dois dias. Esse método permite que a IA seja capaz de reproduzi a voz e de capturar as nuances emocionais e os humores do indivíduo.
Além disso, a IA é alimentada por grandes modelos linguísticos desenvolvidos por gigantes da tecnologia, como Meta e OpenAI.
A personalização adicional é feita por meio de respostas a perguntas sobre a vida, as crenças e as preferências do usuário, o que possibilita criar assim uma representação digital detalhada e interativa.
Outras IAs semelhantes
StoryFile
A StoryFile, uma startup californiana, permite que as pessoas gravem vídeos interativos que podem responder a perguntas futuras através de algoritmos sofisticados.
HereAfter AI
A HereAfter AI oferece uma alternativa semelhante, na qual os usuários podem criar um “Avatar de História de Vida”. Este avatar é construído a partir de respostas a perguntas e narrações de anedotas pessoais, e é uma forma de interação que mantém viva a memória do falecido.
Project December
O Project December utiliza questionários sobre as características e fatos de uma pessoa para simular conversas de texto.
Este serviço é acessível por um custo relativamente baixo e permite que os usuários tenham diálogos baseados nas personalidades dos falecidos.
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Benefícios e controvérsias
A utilização de IAs para preservar a memória de entes queridos apresenta benefícios. Isso porque para muitas pessoas, essas interações digitais podem oferecer consolo e uma forma de lidar com a perda. No entanto, essa tecnologia também levanta várias questões éticas e emocionais.
Pesquisadores, como Katarzyna Nowaczyk-Basinska da Universidade de Cambridge, apontam que os efeitos de longo prazo dessas interações ainda são desconhecidos, o que transforma essa prática, segundo eles, em um “experimento tecnocultural”.
Além disso, há preocupações sobre os direitos e a dignidade dos falecidos, bem como sobre o impacto no processo de luto dos vivos.
As questões sobre consentimento, uso ético da tecnologia e os efeitos psicológicos sobre os enlutados são complexas e ainda precisam de respostas claras.
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