A anendofasia, ou ausência de monólogo interno, defaz a noção comum de que todos os seres humanos possuem uma “voz interior”.
Estudos recentes indicam que entre 5% e 10% da população não vivenciam essa experiência, o que pode afetar várias funções cognitivas, especialmente aquelas ligadas à memória verbal. Entenda qual o impacto da ausência da “voz interior” para o indivíduo.
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O que é a anendofasia?
Anendofasia refere-se à falta de um diálogo interno constante. Enquanto muitos de nós recorremos a essa voz interna para planejar, refletir e resolver problemas, uma parcela da população não tem essa experiência. A voz interna, ou discurso interno, é frequentemente usada para repetir informações, o que facilita a memorização e a compreensão.
Quem nunca se pegou conversando consigo mesmo em um momento tranquilo, não é mesmo? Embora isso possa parecer comum, as queridas “vozes da cabeça”, não são encontradas em todos os indivíduos.
Metodologia do estudo
Um estudo recente publicado na revista Psychological Science investigou os efeitos da ausência de voz interna em diversas tarefas cognitivas. Para isso, os pesquisadores selecionaram 93 participantes, divididos em dois grupos: 46 pessoas que relataram baixos níveis de fala interior e 47 pessoas que relataram níveis elevados.
A metodologia incluiu uma série de experimentos destinados a avaliar a memória verbal, a capacidade de julgar rimas, a alternância de tarefas e a discriminação perceptiva. Confira os detalhes abaixo:
- Memória verbal: os participantes foram solicitados a lembrar palavras com grafias ou sons semelhantes. O grupo com baixa fala interna teve desempenho significativamente pior, sugerindo que a repetição interna das palavras ajuda na memorização.
- Identificação de rimas: os participantes determinaram se pares de palavras rimavam. Novamente, aqueles com menos fala interna tiveram mais dificuldade, reforçando a importância da voz mental para comparar sons.
- Alternância de tarefas: testes que exigiam rápida mudança entre diferentes tarefas mostraram que a presença ou ausência de fala interna não afetou significativamente o desempenho.
- Discriminação perceptiva: a capacidade de distinguir entre figuras semelhantes também não foi impactada pela presença ou ausência de voz interna.
Resultados e implicações
Os resultados indicam que a ausência de voz interna pode afetar negativamente tarefas que dependem da memória verbal e do julgamento fonético. No entanto, outras funções cognitivas, como alternância de tarefas e discriminação perceptiva, parecem não ser influenciadas.
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Surpreendentemente, os participantes sem voz interna relataram usar estratégias alternativas para compensar suas dificuldades. Por exemplo, alguns mencionaram usar movimentos dos dedos para ajudar na memória durante tarefas específicas, como bater com o dedo indicador para uma tarefa e com o dedo médio para outra.
Embora seja um estudo inicial com uma amostra relativamente pequena, ele já trouxe percepções interessantes sobre a temática. No entanto, ainda há muito a ser explorado sobre como essas diferenças impactam a vida cotidiana e as respostas a diferentes tipos de terapia. E você, sabia que nem todos possuem essa voz mental?
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