No cenário da saúde materna, um recente estudo publicado na Nature se aprofundou sobre as causas do enjoo matinal na gravidez, revelando descobertas intrigantes e perspectivas promissoras para tratamentos.
Conduzido por pesquisadores, incluindo a geneticista Marlena Fejzo da Escola de Medicina Keck da USC, o estudo desvendou a relação entre náuseas e vômitos graves, conhecidos como hiperêmese gravídica, e uma proteína específica chamada GDF15, produzida pelos fetos.
Essa pesquisa não apenas desafia concepções anteriores sobre as causas do enjoo matinal, mas também aponta para possíveis abordagens terapêuticas que possam solucionar a questão. Continue a leitura e saiba mais!
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Percepções anteriores sobre as causas do enjoo matinal na gravidez
Anteriormente, acreditava-se que as náuseas matinais ocorriam devido ao aumento de estrogênio ou outros hormônios nos estágios iniciais da gravidez. Teorias adicionais associavam esses sintomas a fatores psicológicos, contribuindo para estigmas e mal-entendidos, o que poderia fazer a mulher até mesmo se sentir culpada.
No entanto, a pesquisa recente desafia essas concepções, apresentando evidências substanciais que destacam como a proteína GDF15, originada pelos fetos, tem influência no desencadeamento de náuseas e vômitos. Assim, graças à descoberta, a condição está sendo reconhecida como uma enfermidade genuína.
Como aconteceu a pesquisa e quais foram os resultados?
Antes de mais nada, devemos dizer que o estudo publicado na Nature revelou que até 80% das grávidas experimentam náuseas nos estágios iniciais da gestação, sendo cerca de metade propensa a vômitos. Contudo, aproximadamente 3% das gestantes desenvolvem uma forma mais grave, denominada hiperêmese gravídica, podendo levar a complicações sérias como perda de peso, desidratação e hospitalização.
Os pesquisadores identificaram que as pessoas propensas a essa condição apresentavam níveis elevados da proteína GDF15 em seu sangue durante a gravidez. Além disso, indivíduos com uma variante genética específica no gene GDF15 tinham até 10 vezes mais chances de desenvolver hiperêmese gravídica.
Curiosamente, esses portadores produziam quantidades menores de GDF15 antes da gravidez, mas viam um aumento significativo durante a gestação, originando-se principalmente do feto e da placenta.
Para testar a sensibilidade a essa substância, os pesquisadores realizaram experimentos em ratos. Os roedores que receberam uma grande dose da proteína mostraram redução na ingestão de alimentos, um comportamento típico quando estão com náuseas.
No entanto, ao administrar uma dose menor e prolongada de GDF15 três dias antes, os camundongos apresentaram uma menor aversão. Esses resultados sugerem a possibilidade de dessensibilização à proteína antes da gravidez como uma abordagem terapêutica potencial.
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Assim, a pesquisa baseada em dados permitiu aos pesquisadores avançar na compreensão das origens do enjoo matinal, fornecendo insights valiosos para futuras estratégias de tratamento ou o desenvolvimento de novos medicamentos para bloquear a ação do GDF15 no cérebro.
É preciso apenas fazermos um adendo que esse estudo avaliou pessoas de ascendência europeia. Ou seja, pode ser que os resultados sejam divergentes caso o estudo seja feito com pessoas de outras etnias.
Além disso, como o profissional Gastroenterologista da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, Sumona Saha, fez menção, vale lembrar que esse estudo ainda não garante resultados positivos e, por enquanto, o tratamento ainda não pode ser comprovado, visto que é necessário analisar como o mesmo poderia afetar a segurança da mulher e do bebê.
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