As turbulências em voos se tornaram um tópico relevante no cenário da aviação moderna. Inclusive, com o caso mais recente que forçou um o pouso de emergência do voo da Air Europa em Natal. Ocorre que estudos e tantos incidentes apontam para uma tendência preocupante: o aumento na frequência e intensidade dessas ocorrências. E por quê? Ao que tudo indica, devido às mudanças climáticas globais.
Então, veja como o aquecimento global está afetando nossas viagens aéreas e quais são as perspectivas para o futuro.
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O que são turbulências em voos e por que elas ocorrem?
Antes de tudo, que tal entender direitinho o que são as turbulências? Essencialmente, tratam-se de distúrbios no fluxo de ar que podem causar movimentos bruscos nas aeronaves. A princípio, ocorrem por diversos fatores, como:
- Mudanças repentinas na velocidade ou direção do vento
- Interação com massas de ar, especialmente nuvens do tipo Cúmulos-nimbos
- Correntes de jato em altas altitudes
- Obstáculos naturais ou artificiais que alteram o fluxo de ar
De modo geral, as turbulências são classificadas em quatro níveis: leve, moderada, severa e extrema. Embora, sim, causem medo, a maioria dos casos é leve ou moderada. Além disso, as aeronaves são projetadas para suportar estes fenômenos.
Ainda assim, incidentes recentes chamam a atenção para ocorrências mais graves. Só para exemplificar, houve a morte de um passageiro devido à suspeita de um ataque cardíaco no voo da Singapore Airlines, em maio. Já a turbulência em voo da Air Europa resultou em 30 feridos.
O papel do aquecimento global no aumento das turbulências em voos
Pesquisas recentes, como a conduzida pela Universidade de Reading, no Reino Unido, indicam uma correlação direta entre o aquecimento global e o aumento das turbulências. Vejamos os principais pontos:
- Aumento na frequência: o estudo apontou que, em uma rota específica sobre o Atlântico Norte, a duração anual das turbulências aumentou de 17,7 horas em 1979 para 27,4 horas em 2020 – um aumento de 55%.
- Intensificação do cisalhamento vertical do vento: o aquecimento global está aumentando a diferença de temperatura entre o polo e o equador na alta atmosfera. Isso intensifica o cisalhamento vertical do vento, especialmente nas correntes de jato, resultando em turbulências mais frequentes e intensas.
- Expansão das áreas afetadas: regiões que anteriormente raramente experimentavam turbulências agora estão se tornando mais propensas a esses eventos.
As previsões, inclusive, são alarmantes. Alguns estudos sugerem que as turbulências em voos podem dobrar ou até triplicar entre 2050 e 2080. Isso deve ocorrer principalmente se não houver uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa.
Impactos na segurança e conforto dos passageiros
Como já comentamos, as turbulências raramente representam uma ameaça à integridade estrutural das aeronaves modernas. Mesmo assim, o aumento em sua frequência e intensidade traz preocupações quanto à segurança e ao conforto dos passageiros. Só para exemplificar:
- Riscos de lesões: turbulências severas podem causar ferimentos, especialmente em passageiros que não estão com os cintos de segurança afivelados.
- Estresse e ansiedade: o aumento na ocorrência de turbulências pode intensificar o medo de voar em muitas pessoas.
- Alterações nas rotas: as companhias aéreas podem precisar ajustar rotas para evitar áreas propensas a turbulências, potencialmente aumentando o tempo de voo e o consumo de combustível.
Diante desse cenário desafiador, a indústria da aviação está se adaptando de várias maneiras. Em primeiro lugar, com investimentos em tecnologias avançadas de previsão de turbulências. O objetivo é sobretudo permitir que os pilotos evitem áreas problemáticas.
Além disso, as tripulações vêm recebendo treinamento adicional para lidar com turbulências em voos mais frequentes e intensas. Sem falar no trabalho das fabricantes em designs que podem mitigar os efeitos das turbulências nos passageiros.
Por fim, há também um esforço crescente para educar os passageiros sobre a importância de manter os cintos de segurança afivelados durante todo o voo.
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O que podemos esperar para o futuro?
Inicialmente, o futuro das turbulências em voos está intrinsecamente ligado às nossas próprias ações em relação às mudanças climáticas. Em outras palavras, se continuarmos no ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa, é provável que vejamos um aumento significativo nas ocorrências. Mas, nem tudo está perdido, pois, ao mesmo tempo, assistimos aos esforços globais para reduzir as emissões de carbono.
Ainda, as já mencionadas melhorias continuadas nas tecnologias de previsão e na capacidade das aeronaves de lidar com turbulências. Estes fatores, em conjunto, podem tornar os voos mais seguros e confortáveis.
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