A reversão do polo magnético da Terra é um fenômeno geológico no qual os polos norte e sul magnéticos trocam de lugar. Esse evento não ocorre com uma frequência fixa, mas os registros geológicos mostram que já aconteceram centenas de vezes nos últimos milhões de anos. Inclusive, a última reversão completa conhecida ocorreu há aproximadamente 780 mil anos, embora especialistas considerem que outra possa estar “atrasada”, visto que essa troca tem ocorrido em intervalos médios de cerca de 300 mil anos.
Como ocorre a troca do polo magnético da Terra?
A movimentação dos polos é impulsionada pelo movimento do metal derretido no núcleo externo da Terra, que gera um campo magnético semelhante ao de um ímã de barra. Esse campo, entretanto, é instável devido ao comportamento caótico e turbulento desse metal em movimento.
Sendo assim, isso faz com que os polos magnéticos estejam constantemente em deslocamento, embora sua inversão completa não seja um evento previsível.
O geofísico Leonardo Sagnotti explicou ao Space que “as reversões de polaridade ocorrem durante períodos de baixa intensidade do campo geomagnético, o que torna o campo instável e propenso a essas trocas”. Esse período de baixa intensidade permite que as forças caóticas internas do núcleo reajam, resultando na mudança dos polos.
Por que ocorre a reversão magnética?
Como já mencionamos, a Terra tem um campo magnético graças ao movimento do ferro fundido no núcleo externo, que, ao esfriar e girar, gera correntes elétricas. Esse fluxo, portanto, cria o campo magnético que envolve nosso planeta e que, além de manter nossos polos, cria uma camada de proteção contra as partículas solares e a radiação espacial.
De acordo com especialistas, o processo de reversão magnética é um efeito direto da variabilidade das forças que geram o campo magnético. Contudo, a energia envolvida e as forças caóticas que movem o metal no núcleo não são constantes, o que significa que o campo magnético também não é estável.
Essa variabilidade, em certos períodos, chega a um ponto em que a polaridade do campo se inverte, e o polo norte magnético passa a ocupar a posição do polo sul, e vice-versa.
O que acontece durante uma reversão de polo?
Durante a reversão, o campo magnético terrestre enfraquece de maneira considerável, mas não desaparece completamente. Esse enfraquecimento ocorre porque o campo se torna mais disperso e instável, o que pode resultar na formação de vários polos magnéticos temporários ao longo do globo.
Essa transição pode levar milhares de anos, e a intensidade do campo só volta ao normal quando a inversão é concluída. Esse fenômeno de enfraquecimento pode reduzir nossa proteção contra radiação cósmica e partículas do vento solar, que são desviadas pelo campo magnético em condições normais.
Mas, como observa o British Geological Survey, a atmosfera terrestre continua sendo uma barreira importante contra a maior parte da radiação nociva, funcionando como uma camada protetora que absorve a energia dessas partículas.
Quais são as consequências para a vida na Terra?
Apesar de não ser catastrófica para a vida, a reversão dos polos magnéticos pode trazer algumas mudanças importantes, especialmente para espécies que dependem do campo magnético para orientação, como pássaros, tartarugas marinhas e algumas espécies de peixes. Isso porque essas criaturas possuem uma espécie de “bússola interna”, que as ajuda a se orientar durante a migração, e qualquer alteração nesse campo magnético pode causar desorientação temporária nesses animais.
Além dos efeitos na fauna, a reversão pode ter impacto direto nas tecnologias humanas. Com o campo magnético enfraquecido, a proteção natural contra tempestades solares diminui, o que pode causar danos em satélites e sistemas de comunicação, além de representar um risco para redes elétricas.
Muitos desses problemas podem ser mitigados com avanços em tecnologia de proteção e adaptação para períodos de inversão.
O geofísico Leonardo Sagnotti destaca que a intensidade reduzida do campo geomagnético durante uma inversão “pode impactar a tecnologia da qual dependemos”, principalmente pela maior exposição aos efeitos das tempestades solares.
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