Uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA) revelou, no início do ano, que 17 animais morrem nas estradas brasileiras a cada segundo. Triste, né? Mas um dispositivo criado por quatro adolescentes dos Estados Unidos salva milhares de animais de atropelamentos por ano. Trata-se do “Project Deer”, um dispositivo que avisa ao motorista quando um bicho se aproxima da estrada, dando tempo de reduzir a velocidade e, assim, evitar acidentes.
As responsáveis pelo projeto, Bri Scoville, Siddhi Singh, Dhriti Sinha e Robyn Ballheim, vivem em Highlands Ranch, no Colorado. A ideia surgiu justamente pelas estatísticas. Só para ter uma ideia, o departamento de Transporte do Colorado (CDOT) reporta, em média, 3.300 colisões com animais todos os anos, principalmente com cervos e alces. Isso sem falar naquelas que sequer entram nos relatórios, ocorrências que devem variar de 2.000 a 4.000 colisões.
Além de custar a vida de tantos animais, os acidentes ainda geram um custo expressivo a quem dirige. A estimativa é de que os gastos se aproximem de 80 milhões de dólares por ano. Ok, mas e aí, como funciona esse dispositivo que pode salvar animais de atropelamentos?
Project Deer: como é o dispositivo que salva animais de atropelamentos nas estradas?
Com o apoio do professor de ciências da computação, Tylor Chacon, as jovens criaram um aparelho que utiliza câmeras infravermelhas, algoritmos e aprendizado de máquina. O que o difere dos sensores fixos é justamente o uso dessas ferramentas, que, segundo a equipe, nunca foi utilizado antes. De maneira resumida, funciona assim:
- As câmeras infravermelhas detectam o calor corporal dos animais, mesmo em condições adversas, como escuridão ou clima ruim.
- O algoritmo rastreia o calor e o movimento.
- Por meio do aprendizado de máquina, o aparelho classifica os dados para identificar os animais.
Na prática, quando um animal é detectado, o dispositivo emite um sinal para um pequeno aparelho dentro do carro. Assim, alerta o motorista com uma combinação de luzes e sons. Dessa forma, a pessoa pode reduzir a velocidade ou parar o veículo.
Ainda que o grupo siga trabalhando para aperfeiçoar o protótipo, já participa de competições importantes com o projeto. Uma delas foi o “Samsung Solve for Tomorrow”, ação anual que incentiva o desenvolvimento de projetos STEM por estudantes de escolas públicas. E as novas inventoras foram longe, viu?
No torneio, a equipe venceu a etapa estadual do Colorado, conquistando um prêmio de 12 mil dólares, além de vários Chromebooks Galaxy da Samsung para continuar o desenvolvimento do protótipo. O objetivo, inclusive, é chegar a algo acessível e barato, de tal forma que qualquer pessoa possa instalar em seu carro.
Aprimoramentos
Mesmo quando as escolas estão nas férias no Hemisfério Norte, a equipe do Project Deer segue trabalhando. Tanto que aproveitam os dias “de descanso” para explorar diferentes estratégias para melhorar o aplicativo. Por exemplo, o uso de sistemas Bluetooth e a instalação do dispositivo de maneira semelhante a uma câmera de painel no para-brisa do veículo.
Mas, será que o dispositivo que salva animais de atropelamentos realmente funciona? Bom, além de vencer campeonatos, o aparelho já demonstrou eficácia em testes iniciais. Só para ilustrar, reconheceu com sucesso “Daisy”, o cachorro de terapia da escola, durante um teste em um carro de controle remoto.
Por isso, o engenho inclusive chamou a atenção de especialistas da indústria automotiva e do CDOT. Ambos até demonstraram interesse em colaborar para aperfeiçoar o design.
Girls in Tech
Inicialmente, o objetivo maior do aplicativo é, claro, salvar vidas e reduzir as despesas alarmantes com acidentes. No entanto, há outro propósito importante envolvido no Project Deer. Além da competição, o grupo também quer inspirar mais meninas a se envolverem em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
Ou seja, o impacto potencial desse dispositivo que salva animais de atropelamentos é enorme, não só em termos de segurança nas estradas, mas também em termos ecológicos e econômicos. As colisões representam um perigo para os motoristas e para a fauna. A gente espera que a invenção das jovens cientistas chegue por aqui logo, né?
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