Um estudo recente realizado na Alemanha revelou que inteligências artificiais são mais eficientes que humanos na detecção de mentiras e influenciam no comportamento acusatório dos humanos. A pesquisa, conduzida pela cientista Alicia von Schenk da Universidade de Wurtzburgo, utilizou um modelo de linguagem de larga escala (LLM) chamado BERT, do Google, para analisar discursos e identificar mentiras com 67% de precisão.
Como o estudo foi conduzido
Primeiramente, a ferramenta de IA foi treinada com 1.536 declarações escritas de 768 voluntários. Metade desses participantes foi incentivada a mentir sobre seus planos para o final de semana em troca de uma pequena recompensa financeira; os demais falaram a verdade. O algoritmo, alimentado pela LLM BERT, analisou os textos, distinguindo entre verdade e mentira. Cerca de 80% das declarações foram usadas no treinamento, e o restante, nos testes de precisão.
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Além disso, uma segunda fase do estudo envolveu 2.000 voluntários, divididos em grupos menores. Esses grupos foram desafiados a identificar mentiras nos textos, com a opção de utilizar a IA como auxílio. Curiosamente, aqueles que utilizaram a IA marcaram 58% das declarações como mentirosas, enquanto os que não usaram a ferramenta presumiram que apenas 19% eram falsas.
Deste modo, foi observado no estudo que, quando não há o suporte de uma ferramenta de IA, as pessoas estão muito menos propensas a fazerem acusações. Além disso, uma minoria tende a escolher utilizar ferramentas para auxílio para identificar afirmações falsas (apenas 1/3 dos participantes fizeram essa opção), e, dentre essas pessoas, a maioria confia na resposta fornecida.
Outra descoberta interessante foi feita selecionando algumas pessoas que haviam optado pelo uso da IA e impedindo-as de usá-las, de modo que tiveram que fazer suas escolhas sem apoio da tecnologia. Neste caso, notou-se que a propensão da pessoa a escolher o uso de ferramentas de IA como apoio não altera a propensão a apontar declarações como falsas. Isto é, o fato que realmente causou a diferenciação nas decisões dos voluntários foi o uso da IA efetivamente e não a intenção de utilizá-la.
Implicações éticas e sociais
Contudo, a eficiência das inteligências artificiais detectoras de mentiras levanta preocupações éticas. Von Schenk alerta para o risco de aumento de falsas acusações e destaca a necessidade de legislações específicas.
“A grande disseminação de notícias falsas e desinformação torna essas ferramentas valiosas, mas é importante garantir que sejam mais eficazes que os humanos,” afirmou a pesquisadora.