O medo do escuro é uma experiência comum, especialmente entre crianças, mas muitos adultos também convivem com essa angústia. Por isso, muitas pessoas se perguntam o motivo de termos tanto medo do escuro e, o mais importante, se é possível superar esse temor.
A origem do medo do escuro
De acordo com especialistas, o medo do escuro tem raízes profundas em nosso instinto de sobrevivência.
Antigamente, quando a humanidade vivia em ambientes hostis e sem iluminação, a escuridão representava um perigo real. Sem visão, nossos ancestrais se tornavam vulneráveis a predadores, acidentes e a outros riscos. Portanto, esse instinto de cautela foi transmitido ao longo das gerações e, embora hoje o escuro não signifique o mesmo perigo, o receio permanece em muitos de nós.
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Inclusive, para Melissa Norberg, psicóloga clínica da Universidade Macquarie, fobias não são meros medos irracionais; elas interferem regularmente na vida das pessoas.
O medo do escuro, por exemplo, conhecido como nictofobia, pode ser desencadeado por experiências traumáticas e até por representações culturais – como vilões e monstros retratados nas sombras em histórias e filmes. A psicóloga ainda destaca que o medo é reforçado pelo que aprendemos.
“Se uma criança cresce vendo seus pais evitarem a escuridão ou associá-la a algo negativo, ela tende a adotar a mesma atitude,” explica Norberg.
Além do ambiente, fatores genéticos também influenciam. Pesquisas mostram que algumas pessoas são naturalmente mais predispostas ao medo do desconhecido, e isso é exacerbado pela incapacidade de ver o que está à frente.
Por que o escuro assusta tanto?
A escuridão aumenta a nossa incerteza e reduz nossa percepção de controle. “Quando estamos no escuro, perdemos um dos sentidos mais confiáveis, a visão. Isso eleva o desconforto e a insegurança, e a mente preenche o vazio com possibilidades ameaçadoras,” observa Norberg.
Então, é natural que, ao fechar os olhos em um ambiente escuro, as pessoas comecem a imaginar cenários negativos, desde ruídos desconhecidos até fantasias de seres escondidos.
Além disso, o medo do escuro pode estar associado à sensação de isolamento. A psicóloga explica que, para algumas crianças, dormir sozinhas em um quarto escuro pode criar uma ligação entre solidão e escuridão, aumentando o desconforto.
Superando o medo do escuro: estratégias
Superar o medo do escuro pode ser desafiador, mas é possível, especialmente com o uso de técnicas da terapia cognitivo-comportamental (TCC).
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1. Terapia de exposição
A terapia de exposição é considerada uma técnica padrão para tratar fobias. Trata-se de um processo envolve enfrentar o medo de forma gradual e controlada.
Norberg recomenda começar com ambientes semiescuros, progredindo até ambientes completamente escuros. “Confronte o medo aos poucos, em um ambiente seguro e familiar,” sugere.
Ela também destaca a importância de refletir sobre as situações temidas: “Antes de iniciar a exposição, pergunte a si mesmo o que espera que aconteça e avalie o quanto isso é provável.”
Então, progressivamente, ao vivenciar experiências seguras no escuro, a pessoa começa a reprogramar sua mente para entender que não há perigo real.
2. Mudar o ambiente e criar sensações de segurança
Em casos de medo extremo, técnicas como o uso de luzes suaves podem ser usadas temporariamente para ajudar na adaptação. Nesse caso, a ideia é criar uma transição gradual, substituindo o foco no medo pela criação de uma rotina segura e controlada.
A psicóloga reforça que isso deve ser uma etapa temporária: “A ideia é se desapegar das luzes ao longo do tempo e continuar a exposição ao escuro.”
A importância do apoio profissional
Ainda que tenhamos apresentado algumas alternativas para controlar o medo do escuro, o apoio de um terapeuta pode ser fundamental para quem sofre com a fobia da escuridão. Profissionais especializados em terapia cognitivo-comportamental guiam o processo de exposição, ajustando-o conforme o progresso.
Com informações de IFLScience