Homem é acusado de fraude de US$ 10 milhões usando músicas geradas por IA

Um esquema sofisticado envolvendo a utilização de músicas geradas por inteligência artificial (IA) e bots de streaming pode ter fraudado serviços como Spotify, Apple Music e Amazon Music em mais de US$ 10 milhões entre 2017 e 2024. Michael Smith, morador da Carolina do Norte, está enfrentando acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, de acordo com uma declaração do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em 4 de setembro.

Smith, segundo os promotores, comprou “centenas de milhares de músicas geradas por IA” de um co-conspirador não identificado. Essas músicas, carregadas em diversas plataformas de streaming, foram impulsionadas por um exército de mais de 10.000 bots, que tocaram as faixas repetidamente.

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É importante ressaltar que o uso de bots para inflar artificialmente o número de reproduções é expressamente proibido pelas políticas das plataformas de streaming.

Como funcionou o golpe milionário

A fraude, que durou quase oito anos, exigiu um plano complexo. Smith teria adquirido músicas geradas por IA e, com a ajuda de bots automatizados, conseguiu reproduzir as faixas bilhões de vezes. Com isso, teria acumulado royalties de menos de um centavo por stream. De acordo com o Departamento de Justiça, essa estratégia rendeu a Smith cerca de US$ 12 milhões em pagamentos de royalties desde 2019.

Conforme alegado, Michael Smith transmitiu de maneira fraudulenta músicas criadas com inteligência artificial bilhões de vezes para roubar royalties. Por meio de seu esquema descarado de fraude, Smith roubou milhões em royalties que deveriam ter sido pagos a músicos, compositores e outros detentores de direitos cujas músicas foram transmitidas legitimamente. Hoje, graças ao trabalho do FBI e dos promotores de carreira deste escritório, é hora de Smith encarar a música”, afirmou Damian William, procurador dos EUA.

As plataformas de streaming foram projetadas para detectar padrões suspeitos de reproduções. No entanto, Smith teria driblado esses mecanismos distribuindo as reproduções entre dezenas de milhares de músicas, cada uma com um número moderado de execuções. Dessa forma, ele evitava levantar suspeitas de fraude.

Músicas sem nome e artistas inexistentes

Entre os títulos gerados por IA estão nomes como “Zygophyceae”, “Zygopteraceae” e “Zygophyllaceae”, os quais eram atribuídos a artistas fictícios como Calliope Bloom, Calypso Xored e Camel Edible.

Embora a qualidade dessas músicas fosse inferior no início da operação, Smith e seus parceiros supostamente evoluíram ao longo dos anos, melhorando a tecnologia de geração de áudio. Em 2020, um de seus cúmplices teria mencionado que a qualidade das músicas havia melhorado de “10 a 20 vezes” e que já era possível gerar vocais com IA.

A engrenagem por trás do esquema

Entretanto, o esquema de Smith não se limitava ao uso de bots. Ele teria utilizado serviços de nuvem para registrar contas protegidas por VPN e manipular o uso de cartões de débito, mantendo o ciclo de financiamento do golpe. Estima-se que mais de US$ 1,3 milhão foram investidos apenas no financiamento dos cartões de débito usados pelos bots.

Documentos divulgados pelos promotores mostram que Smith chegou a calcular os lucros diários do esquema. Um e-mail enviado por ele a si mesmo detalhava como 1.040 bots, distribuídos por 52 contas protegidas, poderiam gerar cerca de 661.440 streams por dia, resultando em uma receita diária de aproximadamente US$ 3.307,20. (ou cerca de US$ 1.207.128 por ano).

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Apesar de o esquema ter funcionado por anos, as plataformas de streaming começaram a desconfiar já em 2018. Em resposta a uma investigação interna, Smith negou as acusações de fraude, afirmando que “não havia fraude alguma” e pedindo um recurso. Ainda assim, o golpe continuou até pelo menos fevereiro de 2024, de acordo com os promotores.

Possíveis consequências e punição para Michael Smith

Smith responderá às seguintes acusações, podendo resultar nas penas máximas apresentadas abaixo:

  • Conspiração para fraude eletrônica – Pena máxima: 20 anos de prisão
  • Fraude eletrônica – Pena máxima: 20 anos de prisão
  • Conspiração para lavagem de dinheiro – Pena máxima: 20 anos de prisão.
  • Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás. Possui também título de Mestre em Engenharia Elétrica e de Computação pela Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação-EMC UFG. Por meio da escrita, compartilha conhecimentos e orientações práticas com foco em áreas da ciência, tecnologia e temas relacionados.

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