Desenhos esquecidos há 400 anos ajudam a revelar segredos do ciclo solar de Kepler

Quem diria que os desenhos de um astrônomo do século XVII revelariam segredos sobre nossa estrela mais próxima, hein? Quem estudou Física, provavelmente, se lembra dos postulados de Johannes Kepler. Por exemplo, as leis do movimento planetário. De fato, ele dedicou parte de sua vida a observar o Sol. Inclusive, com uma técnica simples e engenhosa, registrou em papel as manchas escuras que cruzavam a face solar. É o que chamamos de ciclo solar de Kepler. Esses desenhos estavam esquecidos há quatro séculos e, hoje, ajudam a revelar pontos importantes.

Ciclo solar de Kepler

Antes de tudo, vamos entender como o alemão fez achados tão importantes há tanto tempo? No caso específico destes desenhos, Kepler usou uma câmara escura. De modo geral, era um dispositivo que projetava a imagem do Sol em uma superfície. Na prática, o astrônomo criou uma espécie de máquina do tempo astronômica.

LEIA MAIS: 9 comandos ‘secretos’ da Alexa para você aproveitar

Por isso, os seus desenhos, por mais rudimentares que pareçam aos olhos modernos, trouxeram informações importantes sobre o ciclo solar de Kepler. Nestes rascunhos, Kepler representou as manchas solares. Mas, o que elas são e qual sua importância?

Em suma, são algumas regiões mais escuras na superfície solar que representam áreas com temperatura mais baixa. A princípio, resultam da intensa atividade magnética da estrela. Ao registrá-las, o estudioso estava, sem saber, documentando um aspecto fundamental do que viria a ser o ciclo solar de Kepler: um padrão regular de variação na atividade magnética do Sol.

Como estes desenhos foram resgatados?

Estes desenhos datam de por volta do ano de 1607. Mas uma equipe internacional de pesquisadores decidiu resgatá-los. Então, utilizando técnicas modernas de análise, conseguiu decifrar os códigos escondidos nos desenhos de Kepler.

Os primeiros desenhos datáveis ​​de manchas solares baseados nas observações solares de Johannes Kepler com a câmera escura em maio de 1607 (Kepler, J. 1609, Phaenomenon singulare seu Mercurius in Sole, Thomae Schureri, Lipisiae).

LEIA MAIS: Planejando viagens com a IA: Veja o que fazer (e o que evitar!)

Ao aplicar a lei de Spörer, que descreve como as manchas solares migram ao longo do tempo, os cientistas concluíram que as observações de Kepler ocorreram em um período de declínio da atividade solar.

Essa descoberta, relatadas no Astrophysical Journal Letters, pode ser a chave para resolver a questão controversa da duração dos ciclos solares no início do século XVII. Nesse período, houve a mudança de um ciclo solar regular para o grand solar minimum, conhecido como o Mínimo de Maunder, um período de intensa calma solar que ocorreu entre os séculos XVII e XVIII. Ao entender melhor o passado do Sol, é possível fazer previsões mais precisas sobre seu futuro comportamento e seus impactos no clima terrestre.

  • Jornalista e assessora de comunicação e imprensa com experiência em Comunicação Pública, Gestão de Eventos, Marketing Digital, análise e estratégia, gerenciamento de crises, produção e redação de conteúdo. Já trabalhou em diversos projetos e segmentos na área, inclusive como gerente de Comunicação na Educação Municipal, período em que desenvolveu produtos audiovisuais para permitir o acesso a conteúdos pedagógicos durante a pandemia. Ainda, criou áreas de Ouvidoria e Eventos Virtuais. É pesquisadora de Comunicação Compartilhada/Comunitária, Marketing Público e Políticas Públicas para Comunicação. Atuou na área de turismo e hotelaria. Especialista em Marketing e Assessoria de Comunicação.

Soluniverso
Comments (0)
Add Comment