Cultura cumulativa: Abelhas e chimpanzés mostram ‘habilidade humana’

Há muito, cientistas vêm estudando as habilidades cognitivas de outras espécies animais, além dos seres humanos. E, neste mundo fascinante da ciência comportamental, uma descoberta recente deve desafiar nossa compreensão sobre a aprendizagem social. Mais, ainda, sobre a cultura cumulativa.

Tradicionalmente vista como capacidade exclusivamente humana, estudos revelam que abelhas e chimpanzés também possuem a habilidade de aprender socialmente. Não só isso, mas também transmitir conhecimentos complexos.

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Saiba mais, a seguir, sobre o conceito e os resultados.

O que é cultura cumulativa?

Antes de tudo, que tal esclarecer esse conceito? De modo geral, a cultura cumulativa se refere à capacidade de uma espécie de acumular conhecimento e habilidades ao longo do tempo, transmitindo-os através das gerações.

Isso permite que as sociedades desenvolvam tecnologias e práticas cada vez mais avançadas, superando os limites do que um único indivíduo poderia aprender ou criar sozinho. No contexto humano, por exemplo, é o que nos permitiu evoluir de ferramentas simples de pedra a complexas tecnologias digitais.

Como veremos adiante, além dos humanos, a cultura cumulativa em outras espécies, como abelhas e chimpanzés, destaca a importância da aprendizagem social. Não só isso, como também da transmissão de conhecimento para a sobrevivência e adaptação.

Só para ilustrar, no reino animal, comportamentos que promovem a eficiência na busca de alimentos ou na construção de abrigos beneficiam o meio ambiente ao reduzir o impacto sobre os ecossistemas.

Logo, a compreensão desses processos pode inspirar práticas sustentáveis que equilibram as necessidades humanas à preservação do meio ambiente.

Cultura cumulativa além dos humanos

Então, vamos voltar aos estudos? Por muito tempo, acreditava-se que apenas os seres humanos eram capazes de acumular e aprimorar conhecimentos e habilidades ao longo das gerações. No entanto, pesquisas recentes na Queen Mary University of London e no Chimfunshi Wildlife Orphanage na Zâmbia podem redefinir essa noção.

Inicialmente, em experimento conduzido pela Dra. Alice Bridges e pelo Professor Lars Chittka, abelhas zangões foram ensinadas a resolver um quebra-cabeça de dois passos. O objetivo é que conseguissem acessar uma recompensa de água açucarada.

Resumidamente, o desafio envolvia manipular alavancas em uma sequência específica, algo que as abelhas não conseguiriam descobrir sozinhas. Surpreendentemente, algumas das que não foram treinadas conseguiram aprender a resolver o quebra-cabeça. Sabe como?

Simplesmente observando suas companheiras treinadas, sem a necessidade de recompensa individual. Mas, não só as pequeninas surpreenderam com a cultura cumulativa!

Inteligência social dos chimpanzés

Paralelamente, um estudo com chimpanzés semi-selvagens demonstrou que eles também são capazes de aprender tarefas complexas por meio da observação. Um quebra-cabeça envolvendo várias etapas para obter uma recompensa de amendoim foi apresentado a um grupo.

Inicialmente, os animais não conseguiram resolvê-lo. No entanto, após a demonstração por parte de chimpanzés treinados, vários membros do grupo conseguiram dominar a tarefa.

O que isso implica para a ciência?

Essas descobertas são, sem dúvida, marcantes. A importância dos resultados se dá, sobretudo, por sugerirem que a capacidade de aprender socialmente e desenvolver uma cultura cumulativa não é exclusiva dos humanos.

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Isso pode levar a uma reavaliação de como entendemos a inteligência e a aprendizagem em outras espécies. Além disso, esses estudos podem ter implicações importantes para a educação, destacando a importância da aprendizagem observacional e da transmissão de conhecimento.

A habilidade de aprender com os outros e construir sobre o conhecimento existente é uma característica notável da vida inteligente. As recentes descobertas sobre abelhas e chimpanzés ampliam nossa percepção da cultura cumulativa.

Assim, desafiam a ideia de que é uma habilidade única dos humanos. À medida que continuamos a explorar as profundezas da aprendizagem social no reino animal, podemos desvendar mais segredos sobre as capacidades cognitivas de outras espécies.

  • Jornalista e assessora de comunicação e imprensa com experiência em Comunicação Pública, Gestão de Eventos, Marketing Digital, análise e estratégia, gerenciamento de crises, produção e redação de conteúdo. Já trabalhou em diversos projetos e segmentos na área, inclusive como gerente de Comunicação na Educação Municipal, período em que desenvolveu produtos audiovisuais para permitir o acesso a conteúdos pedagógicos durante a pandemia. Ainda, criou áreas de Ouvidoria e Eventos Virtuais. É pesquisadora de Comunicação Compartilhada/Comunitária, Marketing Público e Políticas Públicas para Comunicação. Atuou na área de turismo e hotelaria. Especialista em Marketing e Assessoria de Comunicação.

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