Durante o evento de lançamento do Tesla Cybertruck, em 2019, Elon Musk, CEO da Tesla, afirmou que o veículo seria revestido com aço inoxidável 301 de 3 mm, o mesmo usado nas naves Starship da SpaceX, o que, segundo ele, tornaria o Cybertruck resistente a balas de 9 mm. No entanto, essa alegação levanta dúvidas sobre até que ponto o veículo é realmente à prova de balas.
O teste inicial: um vidro não tão “inquebrável”
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O próprio evento de lançamento não foi isento de controvérsias. Enquanto demonstrava as capacidades do Cybertruck, Musk apresentou o que chamou de “vidro blindado”, mas o que se viu foi uma falha inesperada: as janelas se estilhaçaram ao serem atingidas por uma bola de metal (vídeo abaixo). Na ocasião, Musk alegou que o vidro já estava sob pressão após testes anteriores. Assim, apesar do ocorrido, ele manteve a afirmação de que o veículo seria resistente a tiros de 9 mm.
Contudo, fato é que essa informação não aparece nos materiais de marketing oficiais do Cybertruck, que mencionam apenas o “exoesqueleto de aço inoxidável ultra resistente“, destacando sua capacidade de reduzir danos e corrosão ao longo do tempo.
O que os testes mostram sobre a resistência do Cybertruck
Desde o evento de 2019, houve muita especulação sobre a resistência do exoesqueleto do Cybertruck. Em 2023, durante o evento de entrega dos primeiros veículos, um vídeo foi exibido mostrando o Cybertruck sendo alvejado por tiros de uma submetralhadora Thompson, sem que o aço fosse perfurado. Musk confirmou o teste no Twitter, mas não deixou claro quais munições foram usadas, o que deu origem a questionamentos sobre a real capacidade de resistência do veículo.
No entanto, um teste mais completo foi realizado pela própria Tesla pouco tempo depois, incluindo o uso de munição de 9 mm, como havia sido prometido por Musk na apresentação do Cybertruck. Durante o teste, o Cybertruck foi submetido a disparos de diferentes armas, incluindo pistolas e submetralhadoras, para verificar a capacidade do exoesqueleto de resistir a vários calibres.
Teste completo divulgado pela Tesla
O teste mais abrangente conduzido pela Tesla incluiu armas de maior calibre e munições de 9 mm. O exoesqueleto do Cybertruck foi alvejado por tiros de uma submetralhadora MP5, que utiliza munição de 9 mm, um dos calibres mais comuns em armas de fogo. A resistência do veículo foi testada contra essas balas, e o aço inoxidável 301 mostrou-se eficaz ao impedir que as balas atravessassem a superfície externa do veículo.
Além disso, o teste também incluiu disparos de espingardas calibre 12, com tiros de buckshot, que causaram danos ao revestimento externo, mas sem perfurar as camadas internas do veículo.
O teste demonstrou que, mesmo sob condições extremas, o exoesqueleto do Cybertruck se manteve resistente a impactos de armas de fogo comuns, especialmente a munição de 9 mm, que foi o foco da alegação original de Musk. A exceção foi o uso repetido de tiros de buckshot em um mesmo ponto, que acabou por perfurar a parte externa, mas sem comprometer a integridade interna do veículo.
Testes adicionais com diferentes calibres
Em março de 2024, o canal do YouTube JerryRigEverything conduziu testes adicionais com o Cybertruck, utilizando uma gama mais ampla de armas e calibres. O exoesqueleto do veículo se mostrou resistente a munições de 9 mm, balas de calibre .22 e até mesmo a tiros de espingarda calibre 12. Entretanto, armas mais poderosas, como o AR-15 e balas de calibre .50, conseguiram penetrar a camada externa do veículo. O AR-15, por exemplo, perfurou a porta do Cybertruck, e as balas de .50 causaram danos expressivos, deixando uma abertura clara na porta.
Além disso, os testes mostraram que, embora o exoesqueleto de aço seja resistente, as janelas do veículo não são blindadas. Nenhum dos testes focou em quebrar o vidro durante os experimentos, mas ficou claro que as janelas não foram projetadas para resistir a tiros.
O que Tesla diz sobre o Cybertruck ser “à prova de balas”?
Em eventos oficiais, como o de lançamento e o de entrega, Elon Musk destacou a resistência do Cybertruck a balas de 9 mm, sugerindo que o veículo poderia ser utilizado em situações extremas, como uma ferramenta de sobrevivência. No entanto, durante o teste completo publicado pela Tesla, o engenheiro chefe do Cybertruck, Wes Morrill, afirmou que a intenção da empresa não era criar um veículo blindado, e que a resistência às balas foi um efeito colateral do uso do aço inoxidável altamente durável.
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A ausência de qualquer menção oficial ao Cybertruck como “à prova de balas” no site da Tesla sugere que essa não era uma prioridade no design do veículo. Além disso, como já adiantamos, a empresa também não inclui esse recurso entre as características promocionais do Cybertruck, limitando-se a destacar sua resistência a danos e à corrosão.
Portanto, embora os testes mostrem que o exoesqueleto do Tesla Cybertruck pode resistir a tiros de armas de pequeno calibre, como munições de 9 mm e .45 ACP, o veículo não é invulnerável a armas mais poderosas, como rifles de assalto e munições de calibre .50. Dessa forma, o Cybertruck pode até oferecer um nível extra de proteção em situações específicas, mas não pode ser considerado um veículo blindado completo, especialmente contra armas de maior calibre.